Os AMIGOS
É relativamente indescutível a importância dos amigos. Num tempo em que as familias vao perdendo a função tradicional de apoio, suporte afectivo e social, é preciso tecer outras teias que dêem alguma resposta àquilo que sempre foram as necessidades humanas.
É preciso alguém com quem conversar só por conversar, alguém que oiça os desabafos e os segredos, alguém que nos acompanhe à praia ou ao cinema.
É preciso ter um outro que seja cúmplice de pecadinhos menores, que nos leve os medicamentos a casa quando estamos doentes, nos defenda quando tudo parece estar contra nós e nos ofereça o ombro para as lágrimas ou o sorriso imenso de verdadeiro gozo, quando tudo nos corre bem e nos sentimos no limiar da felicidade.
É preciso que os amigos sirvam para as ocasiões, não algumas mas todas; que partilhem o que houver a partilhar e que permaneçam na ribalta ou na sombra, conforme os momentos e as circunstâncias.
É preciso que os amigos nos convidem para o natal quando estamos sozinhos; nos levem de férias ou nos dêem de jantar; nos mimem e nos telefonem e, sobretudo, sejam presentes como só os amigos sabem ser. Acho que não há ninguém que não queira amigos assim. Acho que não há ninguém que não imagine que os amigos sejam assim, ou deviam ser. Também por isso, há tão pouca gente a achar que tem amigos e há tanta gente zangada a dizer que, afinal, os supostos amigos eram de Peniche... que aqueles em quem confiavam, pelos quais poriam as mãos no fogo e em relação aos quais acreditavam que havia elos víscerais e eternos, afinal TRAIRAM, MENTIRAM, DESERTARAM ou ABANDONARAM.
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