segunda-feira, novembro 01, 2004

E SE...?!?!

Vagueio de carro por uma estrada. As imagens dos pinhais em cinzas e os troncos negros retorcidos magoam-me na alma. No entanto por entre este cenário é possível o vislumbre de laranjas. Estas despertam-me para uma perfeição associada apenas à qualidade de que gozam algumas pessoas por experimentarem e entregarem afectos.
Não me lembro da quantidade de vezes que chorei de saudades. Deixar um país, uma cidade, um ambiente, uma casa e família não é fácil. No entanto a vida dos que ficam, e sentem-lhe a falta, também não fica facilitada.
Só por uma vez, hoje, não pintei para além do preto e do branco. Há um interesse particular que se sente, nestas alturas, pela matéria do corpo e pela espiritualidade de uma existência.
Abrir o mundo das palavras.
Suspender o tempo.
Há fotografias paradas e outras em risco de desequilíbrio. A luz propaga-se em linha recta e a visão julga e aprecia em termos estruturais (e qualquer informação acessória ou redundante não existe ou foi eliminada).
Qualquer destes mundos é coerente e as perspectivas estão perfeitamente traçadas - se isolarmos um pedaço podemos considerar uma das perspectivas.
É através do TU que me faço EU. É através do silêncio absorto do pinhal em cinzas, que tal como nos contos de fadas, se abre a porta de um coração e os olhos percorrem o espaço maravilhados, por contraste, com tanta luz e tanta cor.
E se no limite da visão incitássemos-nos a dar mais um passo para então desaparecer na bruma?
E se disseram muito menos do que poderiam ter dito, e não mais do que deviam?
E se... ?!?!

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