quinta-feira, maio 26, 2005

Comprei o espelho daquele restaurante onde almoçamos pela primeira vez. Porquê? Pelo simples facto de a tua imagem já ter feito parte dele durante um período de tempo... um almoço. É giro como as coisas tomam proporções irreais. Pormenores irrelevantes tornam-se de repente munidos de uma importância para além daquilo que a mente humana consegue explicar. E ocupam-nos cada espaço da memória reconstruindo um passado repleto de histórias dignas de príncipes com promessas perdidas entre reinados, infligindo golpes num peito até ao vislumbre do coração.
O coração deu de si. Cedeu. E qual não foi o meu espanto quando o vi cheio de areia. Daquela areia fininha que encontramos em algumas praias. Tinha morrido de infortúnio de amor.
A dor assume contornos macabros de proporções que a própria razão desconhece, apenas sentida por aqueles que já a testemunharam. A culpa é da areia. Começa por ser um grão, ao qual se junta outro e depois mais outro, até que se enche por completo. É uma areia sem cor, sem cheiro, insípida mas fatal. Uma areia que a mão de deus trabalhou na perfeição, esculpindo-a grão a grão e depositando-a na natureza de forma surpreendente.
O titulo deste post?
O título é o que menos interessa. O título poderia ser qualquer um.

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