A VIAGEM DE UM LOUCO III de X
Uma estrela cadente passa sem que tenha tempo de formular um desejo. Azar do caralho... acaba por escrever. Limpa a merda que o cobre e as algas.
Este louco tem medo de se aperceber da nódoa de tinta permanente presa aos dedos. Por isso usa lápis ou ocasionalmente o teclado de computador que desenhou numa das paredes. Caminha na miragem de um naufrágio, algures pelas estradas de um continente que o odeia e a sua fortuna é estar vivo e poder dormir à beira da estrada. A gata mija-lhe em cima dos manuscritos. Ah, a gata, essa puta gulosa que assobia ao medo durante a noite, snifando a calma tal como uma puta snifa cocaína. Senta-se à beira da cama com os pés dentro de àgua. Os textos que escreve são o possível despertar do corpo, as suas pulsações bruscas, fragmentadas, outros corpos vibram, nomes que acendem desejos. Tudo anota pacientemente. Tem um travo a lodo na garganta. A cidade arde-lhe sobre os pés molhados. As veias incham-se-lhe. Come uma tangerina sem gomos nem caroços para entreter o estômago. Esvazia-se das palavras em labirintos.
Este louco tem medo de se aperceber da nódoa de tinta permanente presa aos dedos. Por isso usa lápis ou ocasionalmente o teclado de computador que desenhou numa das paredes. Caminha na miragem de um naufrágio, algures pelas estradas de um continente que o odeia e a sua fortuna é estar vivo e poder dormir à beira da estrada. A gata mija-lhe em cima dos manuscritos. Ah, a gata, essa puta gulosa que assobia ao medo durante a noite, snifando a calma tal como uma puta snifa cocaína. Senta-se à beira da cama com os pés dentro de àgua. Os textos que escreve são o possível despertar do corpo, as suas pulsações bruscas, fragmentadas, outros corpos vibram, nomes que acendem desejos. Tudo anota pacientemente. Tem um travo a lodo na garganta. A cidade arde-lhe sobre os pés molhados. As veias incham-se-lhe. Come uma tangerina sem gomos nem caroços para entreter o estômago. Esvazia-se das palavras em labirintos.
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