sexta-feira, janeiro 16, 2004

MECO

Acordar. Um dia lindo, cheio de sol. Meter-me no carro à procura de nada para fazer, de um sítio para ir. Fingir aqui e ali que estou noutro lugar que não Lisboa. Há praias aqui perto. Tenho apenas que escolher a hora de voltar, não vá o transito lembrar-me que estou em Lisboa. Meco como destino final. É verdade que vale a pena pelo espaço iluminado, no sentido real e figurado também, patentes na literatura das exposições vivas daquela singela aldeia. Depois talvez almoçar. Ao ar livre. Comer qualquer coisa saborosa e leve. Agora no deck do bar em cima da praia com vista para o mar. A atmosfera é light. A clientela em dias úteis é escassa, abrangendo porém dois casais bem parecidos com ar suspeito. À saída, depois do almoço, a caminhada na praia faz maravilhas. Tento encarnar um poeta. Evocar um paraíso. Cantá-lo e eterniza-lo. Descobrir uma ilha. Pôr-lhe um nome, e, cantá-la ao mundo. Enumerar os feitos dos Homens, fiéis depositários de toda uma riqueza. Cantar grãos de pimenta, adornos em ouro com incrustações de pedras preciosas. Balas de canhão e de mosquetes. E, até sabres Japoneses, que jazem num qualquer recanto deste vasto mar.
A primeira vista de uma ilha é sempre a mais espantosa, fazendo valer a razão das emoções.
Volto para casa. Apesar do sol que faz hoje, este ainda não é o mundo que quero para mim.
Mais logo vai-se para a cama mais feliz. Talvez sonhando com uma coisa linda.

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