J`AI BAISÉ TA BOUCHE
Num buraco temporal, procuro o equilíbrio entre o corpo e a mente.
Numa fatia adjacente à cidade, anestesiado pela longa e repetitiva sucessão que todos os dias passa à mesma hora, esqueço o significado e a vida daqueles que justificam o meu mundo.
Procuro no espelho inconstante da superfície do oceano uma cara ou um nome, uma vida anónima e sem razão, com a razão da avidez e desejo veemente, mas também com ânsia e impaciência. Foi possuído pelo estado desta ultima que vislumbro a alma de alguém (e se calhar nem é a minha). Beijei a boca dessa alma porque me é natural a luz das coisas transcendentes.
Beijei-te!!!
Doeu-me sentir que estava a trair-te. A luz era tão humana, quase tão pouco eu... eu a trair-te. Ninguém disse que seria fácil ouvir o eco de um búzio. Esse som em espiral até ao inicio dos tempos.
A subtil disciplina cristaliza os instantes, estrutura fragilidades e aos poucos procuro fluir na realidade, libertando-me de quaisquer masoquismos mortais, invejos e vingativos.
Quero idealizar qualquer coisa... segurar qualquer coisa... guardar esta ternura envolta em mansidão. A dádiva que a alma de alguém, sem saber, me concedeu.
Sabes quanto pesa a lágrima de um anjo?
Não?
Eu respondo: Dor, desapontamento, amor, solidão, angústia, luto, orgulho, felicidade e saudade.
De nada para parte nenhuma..........
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