domingo, janeiro 18, 2004

INTELIGÊNCIA, ATITUDE E LOUCURA QB

Há qualquer coisa no coleccionismo das nossas vivências que me parece um pouco doentio. Como se a tarefa de reunir e catalogar um passado determinado me roubasse o tempo, sempre urgente, de viver um presente que não se agarra nem se arruma.
Quando olho as coisas a cem anos de distancia vejo cinco mil e duzentas semanas de relatos de guerras, intrigas politicas e sociais, casamentos reais, descobertas geográficas e cientificas, revoltas populares, acontecimentos mundanos, enfim, tudo aquilo que ocupou a humanidade neste período.
Analisando as coisas daqui, agora, sentado nesta esplanada, há um extraordinário fresco da evolução das modas, dos costumes, dos gostos, das descobertas práticas e do próprio modo de viver. Fresco esse, por vezes, sacrificado ao mais fútil dos motivos.
Compreendo agora como as coisas se formaram e evoluíram. Como em cem anos de história germinaram alianças e ódios. Como sufocaram as revoltas que depois renasceram. Quem estava então certo e quem estava fora de razão.
Depois de eu acabar este café começará um fogo de artifício que durará vinte e dois minutos. No final deste, quero saber quando começa a verdadeira festa. Quero receber aqui, na minha mesa, alguém equilibrado e de bom senso. Inteligente, com atitude e loucura qb. Que seja possuidora de uma postura humilde e simpática, merecedora de respeito. Quero receber tal criatura com calor e cuidado, dando-lhe cuidados principescos e começar ou recomeçar algo sem repisar desgraças e muito menos antevendo-as.
Falta ainda um tempo não quantificável para o término do fogo de artifício em que os vinte e dois minutos servem de metáforas a imensas fugas... breves pausas, em que metade deles já pertence a um passado. No entanto o futuro reserva-nos a outra metade. Essa sim, essa é importante. Porém uma questão assola-me frequentemente. Se todos nos calasse-mos sobre o passado teria este acontecido realmente?!?

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